Foto: Divulgação / Epagri
A missão de oferecer aos produtores brasileiros cultivares nacionais de morango, com bom potencial produtivo, menor custo, e adaptados às condições locais, uniu 13 instituições dos principais estados produtores do país. A Epagri é a representante de Santa Catarina na Rede Morangos do Brasil, oficializada em março deste ano para trabalhar com pesquisa, desenvolvimento e inovação de forma integrada no fortalecimento dessa cadeia produtiva.
Um dos principais problemas enfrentados pelos produtores é a dependência por mudas importadas, que correspondem a mais de 80% do custo de produção do morango no Brasil. A despesa é de cerca de R$ 140 mil por hectare. “Há mais de 30 anos o Brasil não lança um cultivar de morangueiro. As mudas são, em sua maioria, provenientes de viveiros chilenos, argentinos e espanhóis. Com a importação, tem ocorrido evasão de divisas em cifras consideráveis, cerca de R$ 250 milhões anualmente”, destaca Francisco Gervini, pesquisador da Epagri na Estação Experimental de Ituporanga, que participa da rede.
Outros problemas são a baixa adaptação dessas mudas às condições do Brasil – que dificulta o aumento de produtividade – e a baixa qualidade com que elas chegam ao destino. “A introdução de doenças e pragas até então não relatadas no Brasil vem ocorrendo de forma proeminente. Além disso, com o incremento dos sistemas de produção sustentáveis, não se dispõe de tecnologias apropriadas, tampouco de cultivares adaptados a esses sistemas de cultivo”, acrescenta o pesquisador.
Produtividade e qualidade
Além das pesquisas em melhoramento genético, a rede vai unir a experiência das instituições participantes para atuar em áreas como tecnologia de produção de mudas, nutrição de plantas, fitossanidade, pós-colheita, produção e comercialização. “Os trabalhos irão visar a racionalização do uso de insumos, o aumento de produtividade e de renda para o produtor, bem como a organização da cadeia produtiva”, detalha Gervini.
O projeto de pesquisa está em fase de construção pelas instituições participantes. O objetivo, agora, é buscar apoio dos governos estaduais e de entidades de fomento à pesquisa para financiar o projeto em rede.
Participação da Epagri
O papel da Epagri na rede será realizar ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação nas áreas de melhoramento genético, nutrição de plantas para os diversos sistemas de produção e fitossanidade. “A Estação Experimental de Ituporanga fará a avaliação dos materiais genéticos nacionais, fornecidos pela rede Morangos do Brasil, para testar a adaptabilidade na região em sistemas de cultivo semi-hidropônico”, diz Gervini.
Os materiais serão selecionados até o VCU (teste de Valor de Cultivo e Uso de cultivares), que confirma ou não a adaptabilidade do material genético, antes de serem registrados como cultivares. Com apoio das equipes de extensão rural da Epagri, os materiais em fase de VCU também devem ser testados em propriedades rurais catarinenses. “Pretende-se, no futuro, disponibilizar cultivares nacionais de morangueiro adaptados às diferentes condições climáticas e sistemas de cultivo para as distintas regiões produtoras do estado”, diz o pesquisador.
Morango no Brasil
Cerca de 80% da produção nacional de morangos está concentrada nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O cultivo do morangueiro é uma atividade em expansão no estado catarinense e de grande importância socioeconômica para a agricultura familiar.
De acordo com a Epagri/Cepa, 800 produtores de Santa Catarina colheram 8,6 mil toneladas de morango em 254 hectares na safra 2017/18. O Valor Bruto de Produção (VBP) alcançou R$ 15,92 milhões. A produção está distribuída por todo o Estado e o interesse na cultura se deve, entre outros fatores, ao rápido retorno econômico da atividade.
Participam da rede Morangos do Brasil, além da Epagri, as seguintes instituições: Universidade Estadual de Londrina (PR), Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro-PR), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Instituto Agronômico de Campinas (IAC-SP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-SP), Instituto de Economia Agrícola (IEA-SP), Instituto Biológico (IB-SP), Departamento de Descentralização do Desenvolvimento (DDD-SP), Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS-SP), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão (Epamig-MG), Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG) e o Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper-ES).
Fonte: Assessoria de Comunicação - Epagri