Educar um filho não é uma tarefa fácil. Exige extrema dedicação, renúncia, sacrifício e muito amor. Vivemos um período difícil, onde valores foram invertidos e nossa forma de ver o processo educacional foi distorcido.Saímos do lugar de filhos, que tiveram uma educação rígida e autoritária, e com o objetivo de nos diferenciar desse modelo educacional, fomos para o outro extremo. Nos tornamos pais permissivos e ausentes. O excesso de trabalho, a busca incessante por resultados, faz com que nos afastemos daquilo que deveria ser a nossa prioridade: os filhos. Com isso, carregamos a culpa e, muitas vezes, buscamos suprir nossa ausência com presentes. Como se a presença pudesse ser substituída de alguma forma: grande engano. No pouco tempo que temos disponível, não temos paciência, em estar realmente presentes. Brincar, correr, dançar... nem pensar. É muito mais fácil ofertar a tela, assim podemos descansar. Presos a tecnologia, essas crianças não desenvolvem a empatia. Se tornam crianças atormentadas. Pois não se percebem e não percebem o outro.
Crianças hiper estimuladas que não se frustram nunca, o tédio nunca está presente, pois suas vontades são sempre satisfeitas. Pais que desconhecem o não, limites que não são impostos. Com a desculpa de não querer causar sofrimento, não querer magoá-los ou chateá-los. Objetivando apenas a felicidade momentânea. Como se a frustração e o sofrimento não fizessem parte da vida. Pobres crianças, conduzidas por pais psicologicamente adoecidos. No futuro, essa criança, por ter sido constantemente poupada dessas frustrações cotidianas não terá uma estrutura psíquica fortalecida para lidar com as situações difíceis que a vida certamente apresentará. E desta forma, buscará fora aquilo que falta dentro de si. Seja através das drogas, do álcool, da prostituição...ou até mesmo o suicídio como uma solução ilusória para o seu sofrimento, na busca desesperada de aliviar a sua dor.
Com essa dificuldade de impor limites, os pais não realizam o seu real papel: educar. Educação é lapidação. Lapidação de sentimento, de pensamento, de atitude. A pedra bruta com muito trabalho, vai sendo transformada no diamante. Por isso, educar dói, dá trabalho, cansa. Mas a recompensa, quando o trabalho é realizado, é de um valor inestimável. Quando realmente a responsabilidade é assumida e o dever é cumprido. Deixando assim, de terceirizar a educação dos filhos.
Os pais não precisam ser tão legais, precisam ser leais. Leais a si, leais a escola, leais aos seus valores. Sendo verdadeiros sempre, pois a criança é extremamente sensível e sabe perfeitamente quando a verdade não está sendo vivenciada. O filho vai confiar no pai que confiou na relação. Confiar vem de fio. Tecer um fio, tecer um significado. Que na verdade traduz a mensagem: eu me importo contigo
Portanto, devemos entender que nossos filhos precisam caminhar, cair, levantar e persistir. Percorrer a sua jornada, esse é o legado. Nós enquanto pais estaremos ali, para auxiliá-los. Jamais fazer por eles, aquilo que deveriam fazer por si. Fazendo por eles estamos criando uma criança folgada, logo um adolescente mimado e um adulto frustrado, consequentemente uma sociedade estragada.
Portanto, o que fica gravado na memória infantil não são os presentes caros, mas sim os momentos vivenciados. É montar uma árvore de natal juntos, cozinhar juntos, lavar o carro, fazer um piquenique, andar de bicicleta... momentos de familiaridade e conexão. São esses laços afetivos que permanecem vivos por toda a vida. Na educação é preciso construir laço, sem laço a vida vira um nó.
Muitos pais trabalham para dar o mundo aos seus filhos, mas esquecem de abrir o livro da sua vida para eles. Augusto Cury
Psicólogo Juliano G. Cechinel
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