Sigmund Freud, o precursor da Psicanálise, já afirmava que precisamos amar para não adoecer. Mas que tipo de amor seria esse? O amor posse, que vê o outro como propriedade, buscando controlar e limitar sua liberdade ou o amor dependência que busca uma completude no outro, buscando assim preencher os vazios da alma.
Não, literalmente não. Esse é um amor doente: perturbado e perturbador. Amor que controla, que machuca, que humilha, que expõe e impõe... Simples carência, falta de consciência transvestida de afeto. Isso é tudo, exceto amor.
Carl Gustav Jung vai dizer que “onde o amor impera, não há desejo de poder e; onde o poder predomina há falta de amor. Um é a sombra do outro.
Portanto, amor não combina com poder. Relacionamentos em que um quer controlar o outro, quer mandar mais, quer possuir, estabelecendo uma relação de poder, não há a presença do amor. Não se pode amar e querer que o outro seja submisso. É preciso olhar para a pessoa amada como um outro igual. Um companheiro de jornada, nem atrás e nem na frente, mas ambos caminhando juntos, lado a lado pela mesma estrada.
Não podemos exigir que o outro pense, sinta e reaja como nós gostaríamos ou como nós somos. O outro é o outro e nós somos nós. Somos diferentes. A busca por um relacionamento saudável, passa por poder aceitar o outro como ele é. Sem querer moldá-lo a nossa imagem e semelhança. Sem querer que o outro seja o reflexo daquilo que idealizamos. Não! A beleza desse encontro está em ambos lidarem com as diferenças. Aprendendo, ensinando e juntos seguirem para o mesmo destino.
O amor citado por Freud trata-se do amor por si mesmo e consequentemente pela vida, pelo mundo, pelas pessoas. É ter essa capacidade de se encantar com as coisas mais simples da vida. Com aquilo que realmente tem valor!
Amar a si mesmo, eis o grande desafio. Fazemos tudo por todos e infelizmente esquecemos o ser principal: Nós mesmos. Quando realmente nos amamos, aí sim temos capacidade de amar o outro na sua inteireza. Pois só podemos dar aquilo que estiver em nós mesmos. Portanto, buscar aceitar-se quem se é de verdade, com nossas limitações e incompletudes é o grande trabalho a ser realizado. Somente assim conseguiremos nos relacionar de forma mais saudável. Projetando menos no outro, nossos conflitos não elaborados. E dessa forma, mais conscientes, aumentam-se as possibilidades de ter um relacionamento feliz. Iniciando esse processo, sempre pelo auto-amor e assim podemos estender ao outro o sentimento genuíno do amor. Amar e ser amado, eis o sentido da vida!
Psicólogo Juliano Cechinel
Contato: (51) 994640131