“Olhos abertos, boca fechada e ouvidos atentos”. Esta era a filosofia de trabalho implantada e desenvolvida enquanto repórter, redator e jornalista. Entre 1984 e 2000 tive oportunidade de conhecer praticamente todas as regiões do Rio Grande do Sul, graças aos campeonatos de futebol e futebol de salão, hoje futsal. Em cada jornada esportiva – e foram tantas, que perdi as contas – conheci diferentes realidades, cultivei amizades e procurei aperfeiçoar-me profissionalmente.
Quisera o destino que, em Canela/RS, minha cidade natal, crescesse ao lado da cancha de esportes da Comunidade Evangélica Luterana do Brasil (IECLEB) e a aproximadamente 100 metros do Estádio Dr. Pedro Sander, casa do Esporte Clube Serrano, uma dos mais tradicionais. Para completar fiz o primário na Escola Maria Imaculada (Marista), onde o esporte era incentivado. Neste educandário, em 1979 participei, como estudante, da inauguração do Ginásio Maristão. Lembro até do versinho que declamei: “No meu ninho abençoado, ninho de paz e amor, o papai é um anjo e a mamãe uma flor...” Fiz isto e acenei um lenço branco. Minha professora, na época era a inesquecível Leda Maria Martinotto, esposa do professor Ivo e mãe do então colega Alexandre, goleiro do nosso time de futsal.
Na verdade, ser cronista esportivo do EC. Serrano para os jornais Nova Época, Folha de Canela e Rádio Clube de Canela me proporcionaram ampliar horizontes.
Neste período tive a supervisão e orientação do saudoso repórter, Gilberto Ignácio da Silva (1936-1994). Ele cobrava observação dos detalhes. Lembro como se fosse hoje as viagens de ônibus, as entrevistas gravadas e as redações, que eram feitas em casa, enquanto a mãe, Lacy Franzen da Silva (1937-2012) escolhia os grãos de feijão para o almoço de segunda-feira. Vivi o tempo romântico do futebol, primeiramente fazendo escola nos campeonatos amadores, depois conhecendo a realidade em nível profissional.
Na foto, que guardo com zelo, entrevisto o então supervisor de futebol do Sport Club Internacional, Carlinhos Duran (1937-2012), uma referência no setor. A imagem é de 1990, quando o Colorado realizava pré-temporada em Canela. Na ocasião, o treinador do Inter era ninguém mais, ninguém menos, que o finado Valdir Ataualpa Ramirez Espinosa (1947-2020). Ele durou apenas dois meses no cargo, mas apesar da e da identificação com o Grêmio (onde conquistou a Copa Toyota em 1983, equivalente ao Mundial de Clubes venceu um Gre-Nal comandando o time vermelho.