Pensando no assunto do momento “consumo em quarentena”, premissa que vem circulando sobre ajudar o comércio local em crise x clientes freando o consumo, elenquei os princípios que uso para consumir produtos de moda não só no cenário atual, mas na vida, que vale para além da quarentena.
1- Não seja Fashion Victim
Sabe quando a vendedora fala: “essa peça é a que mais está saindo” “é o que elas estão usando”? Fuja! Primeiro, quem é elas? Segundo, porque eu iria querer usar algo que terá vários iguais a mim na rua? Em tradução literal, fashion victim significa vítima da moda, é aquela pessoa que fica de olho em todas as tendências, mas não sabe peneirar o que vestir, e se perde em sua própria identidade virando uma vitrine de tendência ambulante. Você pode vestir várias tendências sim, mas antes de sair reproduzindo o último desfile de moda completo, traga as tendências para sua realidade. Você não precisa usar manga bufante só porque está todo mundo usando, se daqui dois meses você não vai mais querer ela porque percebeu que não faz o seu estilo. A publicidade faz desejarmos as tendências instantâneas e consumirmos sem pensar. Roupa não é descartável, não seja uma vítima da moda estimulando o consumo exagerado que não é nada sustentável.
2- Conheça seu Estilo
Na moda, para definir a identidade visual de uma pessoa, fazemos o estudo de 7 estilos universais, que são: casual/esportivo, tradicional/clássico, elegante, romântico, criativo, sexy e dramático. Cada pessoa tem um estilo predominante e dois complementares. Para descobrir o seu estilo você pode fazer a sua análise com ajuda de um profissional, mas caso não queira ir a fundo, basta o bom autoconhecimento. Se vestir, se olhar no espelho e descobrir o que funciona e não funciona, conhecer seu corpo e ver como as roupas caem nele, brincar com texturas e estampas e quando se sentir confortável, sair na rua assim, hoje a internet tá cheia de conteúdo bacana para se inspirar. Se você gosta de animal print, não precisa usar ele só quando está em alta, use em todas as estações. Se você é adepta dos chapéus e de repente surge uma avalanche de chapéu por aí, você já usava antes de se tornar maistream, segue usando durante o movimento e ainda depois quando ninguém mais aguenta ver aquilo. Ou você pode de vez em quando enjoar de algum produto (é estranho chamar de produto quando já é nosso, né? Mas roupa é produto, tenha consciência disso), e deixar no cantinho do armário. Normalmente quando esse enjoo acontece, nos desfazemos daquilo e substituímos por um novo, porque na maioria das vezes está lá porque não faz o nosso estilo e foi comprado na ‘’onda’’, mas pode ser que você cansou por hora, não somos as mesmas pessoas o tempo todo e roupa é humor, você pode estar experimentando novos olhares e daqui a pouco você olha com carinho para aquela peça de novo. Que tal uma customização? Aliás, você pode ajudar o mercado em crise customizando uma peça sua também, marcas como Malu e Recolection Lab fazem isso.
3- Qualidade x Quantidade
Tente sempre priorizar a qualidade, não a quantidade. Aliás, roupa barata não sai tão barata assim quando por trás existe mão de obra análoga a escrava. E de que adianta comprar a mesma roupa todo ano porque a do ano passado já está desgastada e “é baratinha, vou comprar e usar para bater’’? Tenha mais carinho com o que você consome e usa. É inquestionável uma roupa cuidada desde à escolha do algodão no plantio que você usa por anos e ainda se tornará vintage lá na frente, agradecemos inclusive à essa qualidade pelas pérolas vintages que vestimos hoje (alô adeptas do second hand). Uma dica extra é: não existe roupa de domingo, que mania de ter roupa “pra ir à missa” retrógrada é essa? Quando você larga de segregar roupa por ocasião (não to falando pra usar um vestido de gala pra ir à padaria, mas se quiser, usa), surge um leque de possibilidades para usar uma só peça, basta a composição certa e assim a peça de qualidade que pode ser cara por si só levando em consideração todo o valor inserido nela, não se torna tão cara assim quando você usa ela bastante e em diversas ocasiões, né?