Os fãs de moda certamente devem lembrar da fala de Miranda Priestly (Meryl Streep) no icônico fashionista “O Diabo Veste Prada” sobre o suéter azul celeste vestido por Andy Sachs (Anne Hathaway).
Entre “O Diário da Princesa” reprisando na Sessão da Tarde em um dia de quarentena trabalhando em frente à TV de casa, e sendo abraçada pelo fatídico diálogo de “O Diabo Veste Prada” repercutido nas redes sociais devido ao aniversário do filme no último dia 30, surge a pauta para cá.
As tendências surgem como consequência do momento atual, elas emergem afim de comunicar como a sociedade está reagindo a determinados assuntos. Apesar de usarmos o termo para denominar o que está sendo muito usado nas ruas, a tendência é na verdade uma previsão do que vai ser usado no futuro. Quando as pessoas começam a usar, ela se massifica e deixa de ser tendência.
No filme – que é inspirado no alter ego da poderosa da moda, Anna Wintour, editora chefe da Vogue Americana - um dos diálogos mais icônicos entre as personagens Miranda e Andrea é um exemplo de como as tendências surgem por meio da teoria trickle down. Enquanto Miranda tenta escolher entre dois cintos, Andrea solta um comentário sobre eles serem iguais e diz ainda estar se acostumando com essa “coisa”. Miranda então retruca dizendo: “Está ‘coisa’? Ah, entendi. Você acha que isso não tem nada a ver com você. Você abre o seu guarda roupa e pega, sei lá, um suéter azul todo embolado porque você é séria demais para se preocupar com o que vestir. Mas o que você não sabe é que esse suéter não é somente azul, não é turquesa, é “celeste”. E você também é cega para o fato de que em 2002 Oscar de La Renta fez uma coleção com vestidos somente nesse tom. E eu acho que foi Yves Saint Laurent, não foi? Que criou jaquetas militares em celeste. Eu acho que precisamos de uma jaqueta aqui. E o celeste começou a aparecer nas coleções de muitos estilistas. E logo chegou às lojas de departamentos. E acabou como um item de liquidação nessas lojinhas de beira de esquina. E foi assim que chegou a você. E sem dúvida esse azul representa milhões de dólares em incontáveis empregos. E é meio engraçado como você acha que fez uma escolha que te exclui da indústria da moda, quando, na verdade, você está usando um suéter que foi selecionado para você pelas pessoas nesta sala entre uma pilha de “coisas”.
O trickle down mostra como as tendências aparecem na moda gerado por um pequeno grupo formador de opinião que tem o poder de prever e lançar o que vamos vestir. É exatamente isso que Miranda exemplifica quando diz sobre designers lançarem a cor e logo após ela ser escolhida pelos editores, chegar a revista e grandes lojas, e por último liquidações quando o ‘’boom’’ inicial já passou. E é em algum lugar desse ciclo da moda é que ela chega até você.