Foi no final do século 14, quando movimentos heterodoxos ameaçavam o poder da igreja e crescia a preocupação com o acesso das mulheres a artes, vida social, práticas sexuais e controle da função reprodutiva, que se construiu o mito da mulher satânica, famoso “caça as bruxas”.
Disseminado no imaginário comum que as bruxas seriam responsáveis por desastres naturais, epidemias e até esterilidade, eram perseguidas, torturadas e executadas. Geralmente camponesas, idosas, mendigas, parteiras, aquelas que evitavam a maternidade, prostitutas, viúvas ou que viviam sozinhas. Afinal de contas, a liberdade que tinham, ou tentavam ter, era uma ameaça à estabilidade social e ao patriarcado.
Você já ouviu a frase “Para ser bruxa, basta ser mulher” ou “Somos as netas das bruxas que não conseguiram queimar”? Hoje, a bruxa não precisa se esconder, ela é a mulher que se coloca no mundo. Pensando assim, não somos todas bruxas?
É nesse sentido, que o mundo fashion parte da estética ancestral ou ritualística para à passarela, vindo da atual necessidade de empoderar a mulher de que ela tem o poder em suas mãos. Além do mais, a passarela nesse caso, funciona como uma tradução do que vemos nas ruas e com o crescimento do feminismo, não seria diferente.
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O misticismo nunca foi tão cool, a volta da série Sabrina, a fissura pelos face-rollers (aqueles rolinhos de pedra de jade ou quartzo para fazer skincare, sabe?), a busca pelo natural, e as astrólogas tomando conta do instagram, como Madama Brona (@br000na, eu amo!)
Lá em 2017, a Dior lançou uma t-shirt que foi um estouro unida a toda uma coleção cheia de referências místicas. A grife Viktor & Rolf desfilou há pouco uma coleção batizada de Spiritual Glamour, repleta de bordados de lua, gatos pretos e corujas. O inverno 2020 da Prada contemplou as feiticeiras, que ao longo do tempo foram associadas às trevas e escuridão, mas que eram na verdade singelas mulheres em busca de seus ideais. E a marca nacional Ziovara, que tem estampas com prints lindos e criativos na pegada esotérica, são alguns exemplos das “bruxas na moda”. Mas ainda, é importante lembrar que mais que estética, essa é uma tendência comportamental que fala sobre liberdade e o resgate a natureza da mulher. É para ser leve, puro, e motivo de resistência.