Mais do que ciente do movimento que o PSD está fazendo, para construir um bloco de oposição ao seu projeto de reeleição, governador Jorginho Mello (PL) tem trabalhado para não deixar o coro oposicionista crescer. Uma de suas principais iniciativas tem sido manter uma conversa para lá de amigável com o presidente da Assembleia Legislativa, Mauro de Nadal (MDB), assim como com o presidente estadual do MDB, o deputado federal Carlos Chiodini, e também com o deputado estadual Antídio Lunelli, que foi pré-candidato do MDB ao Governo do Estado nas eleições de 2022.
Jorginho sabe que a construção de qualquer bloco de oposição a sua gestão passa pelo MDB. Caso o PSD convença os emedebistas a embarcarem em uma nova tríplice aliança, que conte também com o PSDB e com outros partidos a reboque, a eleição pelo governo catarinense em 2026 poderia ficar bipolarizada no segundo turno, bem ao contrário da eleição de 2022, quando Jorginho navegou em águas tranquilas e emplacou 70% do votos na segunda etapa da eleição, contra os 30% conquistados pela candidatura de Décio Lima (PT).
Se o MDB aceitar ser vice de Jorginho, por exemplo, legendas como o Progressistas e o PSDB acabarão se agregando ao seu projeto de reeleição, pois dificilmente estes partidos irão querer apostar em uma composição kamikaze com o PSD. Os mais céticos podem duvidar de uma aliança entre MDB e Progressistas, em torno do projeto de Jorginho Mello, mas convém lembrar que as duas legendas já caminharam unidas nas duas gestões do ex-governador Raimundo Colombo (PSD). Além disto, também deram sustentação e ocuparam Secretarias de Estado na gestão do ex-governador Carlos Moisés da Silva (Rep). No próprio governo de Jorginho, MDB e Progressistas estão unidos, dando sustentação parlamentar a sua gestão na Assembleia Legislativa, e ocupando cargos de confiança no Governo do Estado. O que está faltando é oficializar a adesão ao projeto de reeleição do governador, o que fatalmente passará pelo resultado eleitoral das eleições municipais deste ano. Quanto mais forte o PL sair das urnas em 2024, e quanto mais fracos saírem MDB e Progressistas, maiores serão as chances dos dois últimos partidos apoiarem o primeiro em 2026.
Finais
Ex-presidente do Progressistas de Araranguá, José Hilson Sasso, deu sinais de que poderá colocar o seu nome a disposição do partido para voltar a presidir a legenda, em eleição para este fim, que acontecerá no próximo sábado, na sede da Câmara Municipal de Vereadores. Sasso ressalta que o atual presidente, Márcio Scarsanella, o Tubinho, que também é presidente da Câmara Municipal de Vereadores, tem todo o direito de postular um novo mandado como presidente do partido, mas ressalta que outros nomes podem se dispor a mesma empreitada, a exemplo do ex-prefeito Mariano Mazzuco Neto, do candidato a prefeito pela legenda em 2012, Dilnei Almeida, e, por fim, dele próprio. A intenção do Progressistas é evitar qualquer tipo de disputa na convenção, e, por conta disto, a cúpula da legenda tem conversado para chegar afinada, e com seu novo presidente já definido no máximo até sexta-feira, em uma eleição que se daria no sábado, de forma consensual.
Ameaça de expulsão da vereadora gaivotese Maria Nunes, a Maria da Saúde, do MDB, por ter declarado que apoiará o projeto de reeleição do prefeito Everaldo dos Santos, o Kekinha (PSDB), pode fazer ressurgir dentro do partido o Movimento Ulysses Guimarães. O Movimento foi criado em 2020 por vários lideres emedebistas, que não concordavam com o fato de o partido concorrer como vice do Progressistas naquela eleição. Como resultado, mais de 80% da base do MDB acabou votando em Kekinha, contrariando a determinação da cúpula do partido, que indicou voto na candidatura de Carlos Gabreira Gomes, o Carlinho (PP). Um dos líderes do Movimento de 2020, o ex-presidente emedebista Joaci Silva de Oliveira, já sentenciou que não aceitará decisões arbitrárias dentro de seu partido. De acordo com ele, Maria da Saúde é um patrimônio moral do partido, e “chega a ser um desrespeito cogitar cassação de seu mandato por infidelidade partidária”.