Ex-presidente da Assembleia Legislativa, Gelson Merisio, parece não ter sentido a acachapante derrota de 2018, quando disputou o Governo do Estado pelo PSD. Depois de dois anos de uma sistemática articulação, ele chegou ao pleito eleitoral daquele ano como um dos favoritos para conquistar a governadoria catarinense, mas acabou sendo atropelado pela onda Bolsonaro, que levou a reboque o desconhecido Carlos Moisés da Silva (PSL) para o segundo turno na eleição. Merisio também seguiu adiante no pleito, mas emplacou apenas 29% dos votos, contra 71% do governador eleito.
Passada aquela eleição, Gelson Merisio passou a juntar o que havia restado das articulações já realizadas para tentar viabilizar novamente seu nome. De imediato sentiu que uma nova intenção de conquistar o governo não poderia se dar pelo PSD, que já no início de 2019 foi totalmente dominado pelo deputado estadual Júlio Garcia. Por conta disto, o PSDB acabou sendo o refúgio seguro para a reconstrução de seu projeto. Por óbvio que Merisio não contava com a Operação Alcatraz, que acabou fulminando com a figura de Garcia para um projeto eleitoral majoritário. Do contrário teria permanecido no PSD, herdando o histórico do partido.
Diante deste cenário, no entanto, nada impede que o novo líder tucano proponha aliança com sua ex-legenda, afinal de contas Júlio parece ser carta fora do baralho. O PP, aliás, que caminha rumo a consolidação de uma candidatura governamental de Joares Ponticelli, também está de olho no PSD, por conta da falta de perspectiva deste partido no atual momento.
Discurso contra Carlos Moisés será o forte de Merisio
O discurso anti-Carlos Moisés será o ponto forte de Gelson Merisio, diante da eleição do ano que vem. Em princípio, não faltam pontos da gestão do governador a serem batidos, a começar pela história da famigerada compra dos 200 respiradores para o combate a Covid-19, que até hoje não chegaram ao Estado. Merisio deverá se dedicar a criticar Carlos Moisés de forma contundente em vários outros pontos também, ressaltando que o destino de Santa Catarina estaria em melhores mãos se a eleição tivesse sido sua.
Novo do PSDB nacional deve fortalecer Merisio no Estado
Para 2022 o PSDB catarinense poderá ainda contar com a sorte, caso os tucanos, em nível nacional, consigam emplacar um candidato a presidente convincente. Com um eleitorado tradicionalmente conservador em nosso Estado, o PSDB se encaixa no perfil de partido alternativo ao bolsonarismo e ao petismo. A terceira via nacional seria facilmente identificada pelos catarinenses como uma boa opção de votos, colocado Gelson Merisio entre aqueles com chances de chegar ao segundo turno. Por óbvio que o leque de alianças do PSDB precisará ser elástico, para capilarizar o projeto dos tucanos em todos os recantos de Santa Catarina.
Uma das vantagens de Merisio é ser um grande articulador
Para Gelson Merisio não faltam qualidades enquanto articulador. Em 2018, não fosse a onda Bolsonaro, provavelmente ele seria eleito governador. Durante sua jornada, o então deputado estadual conseguiu reunir uma dúzia de partidos em seu entorno, e não será de se estranhar se pelos menos metade destes estejam com ele no ano que vem. Outros que estiveram contra poderão até mesmo se irmanar a seu projeto. Um deles é o próprio PSL, do governador Carlos Moisés, que tem flertado com Merisio desde o início deste ano.
PSDB e PSL têm conversar em Santa Catarina
Para Gelson Merisio o caminho parece bastante claro. Ele precisa ressuscitar os brios de seu grupo, oriundos da eleição de 2018, investindo maciçamente naqueles que desejam acompanha-lo mais uma vez. Afora estes, precisa cooptar novos apoios, a exemplo do que busca fazer junto ao PSL. Feito isto, precisará focar seu projeto de eleição num contraponto a gestão do governador Carlos Moisés, buscando fazer com que os catarinenses acreditem que foi um erro votar no atual governador, mas que há tempo para a remissão, caso ele, Merisio, seja eleito em 2022. Afora isto, o conveniente é não pegar briga com todo mundo, pois todo segundo turno exige novos reacertos.