Pela primeira vez na história da política catarinense, o Sul do Estado deverá ter três candidatos ao governo. De forma natural, o governador Carlos Moisés da Silva (Rep) disputará a reeleição, conforme convenção realizada no último sábado. Com domicílio eleitoral em Tubarão, atualmente Carlos Moisés mora em Laguna, e vai concorrer a um novo mandato tendo Udo Döehler (MDB) como candidato a vice.
O segundo candidato sulista já homologado em convenção, realizada no domingo, é Alex Alano (PSTU). Filósofo e professor de carreira, da Rede Estadual de Ensino, Alex, que é de Criciúma, nunca disputou cargo político. A também professora Gabriela Santetti (PSTU) disputará o cargo de vice-governadora na chapa encabeçada por ele. O PSTU se identifica ideologicamente com a extrema esquerda e não fazia parte da Frente Democrática, grupo que congregava oito partidos esquerdistas no Estado, mas que já não conta mais com o PDT.
A terceira candidatura ao governo estadual deverá emanar do PDT, através do ex-deputado federal Jorge Boeira, de Araranguá. Ontem à noite a Frente Democrática oficializou o lançamento da candidatura de Décio Lima (PT) ao governo, como também a de Dário Berger (PSB) ao Senado. O PDT ainda mantinha esperanças de que a Frente iria cumprir acordo inicial e destinar ao partido a vaga de candidato a senador, o que acabou não acontecendo. Em princípio, no próximo dia 30, às 9h, na Assembleia Legislativa, o PDT deverá homologar em convenção o nome de Jorge Boeira como candidato a governador, assim como os nomes daqueles que concorrerão a vice e ao Senado da República. O presidente estadual do partido, Manoel Dias, gravou vídeo convidando toda a militância estadual para acompanhar a homologação dos candidatos majoritários, e também proporcionais.
Além destes projetos majoritários ligados ao Sul do Estado, vale lembrar ainda que o empresário criciumense Ricardo Althof, do Partido Novo, irá concorrer como candidato a vice-governador de Odair Tramontin, também do Novo. Há também a possibilidade de que o Sul emplaque mais candidaturas majoritárias, já que nem todas as convenções foram realizadas ainda, e algumas já realizadas não homologaram todos os nomes majoritários.
Finais
A candidatura de Jorge Boeira (PDT) ao Governo do Estado dará um gás substancial ao vereador araranguaense Diego Pires (PDT), que disputará a Câmara Federal, e também ao deputado estadual Rodrigo Minotto (PDT), de Forquilhinha, que postulará a reeleição. Ainda que o projeto de Boeira seja estadualizado, o embrião de sua candidatura estará no Sul do Estado, região, dentre todas, em que ele deverá receber a maior quantidade de votos proporcionais no pleito de Outubro. A mobilização em torno do projeto de Boeira, especialmente no Extremo Sul e na região de Criciúma, poderá gerar muitos dividendos para Diego Pires e Rodrigo Minotto, desde que eles consigam colar suas imagens, de forma espelhada, ao projeto majoritário do PDT. Uma das vantagens do PDT no pleito estadual deste ano é não precisar ficar colado a figura do ex-presidente Lula da Silva (PT), com quem o grande eleitorado catarinense ainda tem sérias ressalvas. Os brizolistas trabalharão pela candidatura presidencial do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT).
Presidente estadual do MDB, Edinho Bez, se reuniu ontem com o ex-prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli (MDB), na tentativa de demovê-lo da intenção de impugnar a candidatura a vice-governador do ex-prefeito de Joinville, Udo Döehler (MDB), na chapa a ser encabeçada pelo governador Carlos Moisés da Silva (Rep). Este pedido de impugnação está no âmbito partidário, e não judicial. Por conta disto, na prática, caberia a Edinho decidir sobre o tema. A decisão, por óbvio, será em prol de Udo, o que o colocará Edinho em conflito com Lunelli. Por conta disto, o presidente emedebista quer resolver a situação na base da diplomacia. Em nível federal, a solicitação de intervenção no diretório estadual do MDB, feita por Antídio Lunelli, não prosperou. O presidente nacional do partido, Baleia Rossi, deu autonomia para que o MDB estadual decida seu futuro, e, por ora, este futuro está ligado ao governador Carlos Moisés. Para os interesses de Antídio, resta a via judicial.