Os pupilos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverão dar mais trabalho ao governador Jorginho Mello (PL) do que ele imaginava ter. No último final de semana o vereador carioca Carlos Bolsonaro, que é pré-candidato ao Senado pelo PL catarinense, chamou a deputada estadual Ana Campagnolo (PL) de mentirosa, por ela ter afirmado que a deputada federal Carol de Toni deixaria sua legenda para ser candidata a senadora, já que não estaria achando espaço no partido para viabilizar seu projeto. A própria Carol, ato seguinte, afirmou que Ana Campagnolo estava falando a verdade.
No decorrer da semana foi a vez o ilustre desconhecido senador Jorge Seif (PL) dar o ar da graça. Tomando as dores de Carlos Bolsonaro, ele teceu duras críticas a Ana Campagnolo, ressaltando que antes de se tornar deputada através da Onda Bolsonaro, ela era “uma simples professora”. O tom pejorativo, obviamente, ofendeu todo o magistério estadual, e não foi para menos. Jorge Seif só se esqueceu de dizer que ele próprio só foi eleito por conta da Onda Bolsonaro. Não fosse isto, provavelmente, continuaria sendo “um mero vendedor de peixes”.
O fato é que esta intervenção da ala PL carioca, no PL catarinense, está extrapolando todos os limites do bom senso. Não contentes em se adonar dos espaços dos políticos de nosso Estado, os pupilos do ex-presidente Bolsonaro também se acham no direito de proferir ofensas contra estes. Neste sentido, também convém observar que não são poucos os rompantes do vereador Renan Bolsonaro, do PL de Balneário Camboriú, no legislativo daquele município.
A grande verdade é que se este núcleo do PL carioca, que atua em Santa Catarina, fosse tão bom como se autointitula, faria carreira no Rio de Janeiro, e não em nosso Estado. Afinal de contas, porque Carlos Bolsonaro não disputa o Senado pelo Rio de Janeiro? Porque Jorge Seif não fez o mesmo na eleição passada. Renan Bolsonaro vai disputar a Câmara Federal ano que vem. Porque não faz isto por sua terra natal?
Estas são algumas perguntas que os eleitores catarinenses precisam começar a fazer a si próprios. Jair Bolsonaro não é Deus, e tampouco o bolsonarismo é uma Bíblia a ser seguida cegamente. É preciso impor limites a situações como esta, e os primeiros a levantar esta bandeira deveriam ser os próprios políticos do PL catarinense.
Quando Carlos Bolsonaro foi anunciado como pré-candidato ao Senado por Santa Catarina, a deputada Carol de Toni foi uma das primeiras a avalizar o projeto. No fim, acabou perdendo o espaço que era seu para ele.
O fato é que a direita catarinense comanda nosso Estado desde que o Brasil foi descoberto. Quando muito, o MDB governou Santa Catarina tendo que se valer de partidos de direita para manter a estabilidade política.
Finais
Esta situação envolvendo a influência direta do ex-presidente Jair Bolsonaro nos destinos da política catarinense beira ao ridículo. Não é possível que tenhamos que retroceder tanto depois de termos chego onde chegamos, no que diz respeito a desenvolvimento econômico, organização social e moralidade pública. Candidaturas como a de Jorge Seif e Carlos Bolsonaro são um tapa na cara dos catarinenses. Todavia, quem está se deixando ser estapeado somos nós mesmos.
A eleição de 2026 será uma ótima oportunidade para que separemos o joio do trigo. Rejeitar a candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado é algo primordial para isto. Não se trata de não votar na direita. O que mais teremos na eleição do ano que vem será candidatos ao Senado filiados a partidos de direita. Trata-se meramente de não votar em um estrangeiro em terras catarinenses. Se a população de nosso Estado avaliar Carlos Bolsonaro, como já avalizou Jorge Seif, voltaremos aos tempos do colonialismo político, aos tempos do beija-mão, que tanto lutamos para nos libertar.
