Estudo também apontou aumento no endividamento de estabelecimentos desde o início da pandemia.
Uma pesquisa realizada pela Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) entre 23 de dezembro e 10 de janeiro aponta que 70,5% dos bares e restaurantes de Santa Catarina ainda não conseguiram recuperar lucros de antes da pandemia de Covid-19.
A pesquisa estima que deverá levar entre dois e cinco anos para que o setor recupere os prejuízos causados pela pandemia. Também houve crescimento das empresas endividadas – em 2020 eram 41,4% e em 2022 o número subiu para 67,5%.
Ao todo, 7,9% dos empresários não estão conseguindo pagar todas as obrigações em dia, sob o iminente risco de fecharem em curto prazo. “É uma situação extremamente crítica, agravada pelos sucessivos aumentos da taxa de Selic, colocando em risco a sobrevivência de muitas destas empresas”, ressalta Raphael Dabdab, presidente da entidade.
Em Santa Catarina o Governo do Estado aumentou a carga para o setor, que já era uma das mais altas do país. E nenhuma prefeitura isentou IPTU e a Taxa de Resíduos referentes ao período em que as empresas ficaram fechadas ou com severas restrições de capacidade de atendimento.
Além disto, o segmento teve uma alta inflação – os aumentos nas carnes beiraram os 40%, a energia elétrica os 25% e os aluguéis cerca de 18% – todos absorvidos significativamente pelos estabelecimentos, já que os consumidores também foram impactados pela inflação e tiveram grande perda de poder de compra.
“Enquanto a inflação da alimentação fora do lar (restaurantes) foi em torno de 13% em 2021, na alimentação no lar (supermercados) o acréscimo foi de 21,39%”, esclarece Dabdab. De acordo com a consulta, 70,5% dos entrevistados ainda não conseguiram recuperar a rentabilidade desejada.
Temporada de verão
Para 65,5% dos entrevistados o período começou melhor ou muito melhor do que o mesmo do ano anterior. Porém, o gasto médio de consumidor caiu para 54,1% dos entrevistados, confirmando que a alta inflação impactou fortemente o poder de compra.
Para Dabdab, o recente aumento da taxa de contágio devido à variante ômicron da Covid-19 também é um fator que afeta o otimismo dos empresários quanto ao restante da temporada, mesmo com os protocolos seguidos à risca e com baixo impacto na ocupação dos leitos das unidades de saúde de Santa Catarina. “A maior preocupação é quanto ao crescente afastamento dos trabalhadores suspeitos de contaminação, o que compromete a operação diante da alta demanda”.
Dabdab ainda pede sensibilidade dos deputados estaduais, que no final do ano passado aprovaram um projeto de lei de equiparação da carga de ICMS de Santa Catarina à do Paraná, o que representaria uma redução dos atuais 7% para 3,2% de carga efetiva do tributo. “Pedimos que nossos parlamentares mantenham sua coerência com a pauta e derrubem o veto do governador no retorno das atividades da Assembleia Legislativa.
Afinal, precisamos de mais empregos e o nosso setor é um dos maiores geradores. “Em Santa Catarina representávamos mais de 100 mil empregos diretos antes da pandemia. A redução da carga tributária estimularia sobremaneira o crescimento das empresas, atraindo novos investimentos”, reforça.
Fonte: ND Mais