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O que faz um filme ruim ser bom?

Você já deve ter assistido a algum filme que achou péssimo e mesmo assim adorou assistir e precisou falar para todos os seus amigos assistirem também. É estranho, mas quando um filme consegue ser ruim num nível bem superior que os outros, você quer que todo mundo também o assista e tem vontade de vê-lo mais e mais vezes. Mas como exatamente um filme se encaixa nessa categoria de “um bom filme ruim”? a verdade é que tudo no cinema é relativo e não tem como chegar a qualquer opinião conclusiva sobre filmes que seja uma verdade absoluta, ao menos é assim que eu enxergo o cinema. E nesse caso também pode depender um pouco do que você considera ruim, a grande diferença é que esses filmes são clara e obviamente ruins a qualquer pessoa e a qualquer gosto, o que você precisa fazer apenas é identificar que, por mais que você o tenha adorado, o filme como um todo, como uma obra de ficção, é simples e unicamente ruim, e esse é um exercício que pode ser bem divertido de se fazer. Então enquanto eu chego à uma conclusão sobre o assunto eu vou dar alguns dos melhores exemplos de filmes que são tão incrivelmente ruins que se tornam bons.

Existem duas formas de um filme ser tão ruim que se torna bom, quando o diretor sabe exatamente o que está fazendo e propositalmente faz uma filme ruim ou trash, ou quando o diretor não faz a menor ideia de cinema ou audiovisual em geral e consegue criar uma obra tão absurdamente sem qualidade que ele quase se torna um gênio. É o caso do que é provavelmente o filme ruim mais famoso de todos os tempos, The Room, também conhecido como o melhor pior filme já feito. The Room é um filme ruim que é tão ruim que ele não chega nem perto de se tornar bom e justamente por isso acabou virando praticamente um filme cult, de tão terrível que é. A história acompanha Johnny, protagonizado por Tommy Wiseau que também escreveu, dirigiu e pagou do próprio bolso os 6 milhões de orçamento do longa. Johnny é noivo de Lisa e vive o sonho americano, porém, Lisa inicia um caso com seu melhor amigo e a história se desenvolve em cima disso. O fato é que é impossível descrever o filme com poucas palavras, mas Wiseau não fazia a menor ideia do que estava fazendo muito menos sabia atuar, e acabou transformando seu melodrama em uma comédia da melhor/pior qualidade, é o caso de filme que nos faz rir dele mesmo e não com ele. De tão ruim que é, o longa acaba sendo absolutamente memorável, e por conta disso se tornou tão famoso e cultuado ao redor do mundo, uma vez que você assiste ao filme, fica impossível esquecer o que assistiu. Agora, quando um diretor que faz um filme terrível sabe o que está fazendo, a situação muda, porque o filme está nos dizendo para rir com ele, é quase como se ele nos desse permissão para isso. Rubber, O Pneu Assassino (Rubber – 2010), é um exemplo, a trama pode ser absurda de ridícula, mas o diretor Francês Mr. Oizo sabia exatamente o que estava fazendo, você percebe que existe um estudo por trás do filme, que ele não aconteceu por acidente, e uma forma de perceber tudo isso é trocando o pneu assassino por uma pessoa assassina, assistir ao filme ganha um significado bem diferente e ele acaba se tornando bom através da estética do ruim. O mesmo pode ser dito sobre Planeta Terror (Planet Terror – 2007), que já falei sobre por aqui na semana passada. O longa de Robert Rodriguez é muito bom, mas, assim como Rubber, acaba sendo bom através da estética do filme ruim, do filme trash, isso porque ele não faz sentido nenhum, é absolutamente absurdo e ainda assim, maravilhoso. Se você conhece um pouco sobre filmes ruins com certeza já ouviu falar de Sharknado (2013), a história do longa é sobre um tornado que se forma num oceano cheio de tubarões e vai parar na cidade onde se inicia a chuva mais mortal da história, de, obviamente, tubarões assassinos. Acho que uma boa forma de descrever Sharknado é que ele é um verdadeiro show de horrores, tudo é ruim no longa, mas ele é uma diversão e tanto se você assiste com um grupo de amigos, e acaba de certa forma sendo um filme bem memorável. Ele se torna bom de tão ruim? Não, mas eu duvido que depois de ver o primeiro você não vai querer ver os outros 5. Não, eu não escrevi errado, outros cinco filmes de Sharknado.

Mas por quê nós gostamos tanto de ver filmes ruins? É estranho pensar que essa é basicamente uma categoria do cinema, e por incrível que pareça é uma categoria bem complexa e bem difícil de ser alcançada com qualidade – ou pela falta dela. Porque a maioria dos filmes ruins são apenas péssimos, esquecíveis, medíocres e desnecessários, mas alguns, seja pela completa falta de noção e ingenuidade de seu diretor em acreditar genuinamente estar fazendo algo de muita qualidade, ou pela esperteza e perspicácia do mesmo, acabam se destacando pela total ausência de qualidade como o caso de The Room e Sharkando, ou pela ausência de qualidade alcançada através de puro talento. Mas o fato é que filmes ruins são, assim como os filmes de terror, os melhores para se assistir em grupo, é como se de repente todos os seus amigos tenham se tornado críticos experientes de cinema, porque até os mais leigos no assunto conseguem perceber que os diálogos e a trama inteira de The Room é sofrível, e ainda é capaz de explicar o porquê e como poderia ter sido melhor. Esses filmes acabam sendo uma boa forma de distração quando você não quer ter que pensar em nada e muitas vezes nos tiram mais risada que a maioria das comédias. Tirando aqueles filmes chocantes de tão bons ou tão assustadores, assistir filmes tão ruins que ficam bons com meus amigos acaba sempre sendo uma experiência memorável e justamente por isso eu vou deixar aqui mais um desses longas que nos marcaram, Ataque dos Titans (Attack on Titan – 2018), o filme baseado no anime de mesmo nome é outro show de horrores mas que tem seus bons momentos, já que o anime em que é baseado é maravilhoso. Mas o filme que é sobre como a humanidade foi dizimada por gigantes titans que comem pessoas, possui passagens de roteiro completamente sem sentido ou conexão com o restante da história e você sente como se quem quer que tenha escrito o filme nunca tenha posto os pés no mundo real, digamos que isso rende alguns momentos hilários e  bem memoráveis ao longo dos dois filmes da saga. Então a conclusão que chegamos é que existem duas formas de um filme se tornar bom de tão ruim que é, e que de vez em quando faz bem pra cabeça assistir a um filme capaz de nos fazer sentir mais inteligentes e mais relaxados ao mesmo tempo, e tudo isso reunido com a galera num fim de semana.

Essa coluna foi inspirada no vídeo do canal Entre Planos disponível aqui nesse link. https://www.youtube.com/watch?v=3ca6vw2-DXw

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