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Um diagnóstico da crise econômica brasileira

Não existe outra maneira de se iniciar um texto sobre o momento econômico brasileiro sem uma reflexão, em longo prazo, do que nos levou a esse tenso cotidiano de crise que se instalou na vida de nossos cidadãos.

Há 10 anos o brasileiro vivia um momento de euforia e esperança sobre o futuro de nossa nação. As coisas estavam rumando para um bom caminho, nosso povo saiu da miséria e passou a ter três refeições ao dia, pôde comprar uma televisão, um micro-ondas, viu o emprego chegar, comprou o seu carrinho e chegou à universidade, ou seja, o brasileiro sonhava acordado, sentindo que finalmente deram o pedaço de dignidade que ele sempre mereceu.

Porém, passaram-se os anos e esse sentimento se foi, com ele se foi o emprego, o micro-ondas e a televisão são lembranças de uma dívida já impagável, a conclusão de seu ensino superior já parece uma utopia e a miséria voltou a bater na porta. Somado a tudo isso, nosso povo ainda foi obrigado a assistir escândalos de corrupção na televisão que vinham para dilacerar qualquer resquício de esperança que existia. Como essa reviravolta na vida de nossos irmãos brasileiros se deu de maneira tão cruel, ligeira e sorrateira? Para falar a verdade, a resposta não é tão difícil.

Como em todo o resto do mundo, e em todo o resto da história de nossa civilização, as coisas são definidas pela economia. E como a própria história nos mostra, aqueles países que aderiram ao processo de industrialização e se entregaram à tecnologia, trouxeram consigo o desenvolvimento. O Brasil não é diferente, éramos um país que servia de quintal para o mundo plantar café e cana de açúcar, e com a chegada do Estado Novo de Getúlio Vargas, nos tornarmos a 15ª economia industrial do planeta, fortalecemos nossa indústria para a agricultura e extração de minério de ferro, germinamos a tecnologia número um em extração de petróleo.

Com o passar dos anos, esses ciclos de commodities foram suficientes para trazer bons números à economia brasileira, podendo dar crédito para o povo e elevar seu poder de consumo de 60 para 300 dólares de salário mínimo. Mas como o pão do pobre sempre cai com a manteiga virada para baixo, logo as coisas ficaram diferentes.

É fato que o Brasil vinha bem com a alta dos preços das commodities e estávamos nos tornando competitivos no mercado, porém ficamos anestesiados com tamanha euforia e fomos pegos de surpresa com a chegada de uma crise que despencou por mais da metade os preços de tudo que nós tínhamos para vender ao mundo.

Nossa ferida fica exposta ao constatar que estávamos vendendo minério de ferro, alimento e petróleo bruto para o mundo, enquanto comprávamos de fora a tecnologia necessária para tudo que é essencial na vida humana, desde o remédio em que tomamos, passando pelo diesel que abastece o ônibus que nos leva ao trabalho e chegando ao telefone que usamos para nos comunicar. Fomos mergulhados em uma crise mundial que afetou diretamente nossa economia e cobrou com juros tudo que nosso povo havia ganhado.

Passaram-se os anos do epicentro da crise brasileira e ainda não se viu o óbvio do que seria necessário para retomar o crescimento econômico de uma vez por todas. Não é difícil observar que o que nos deixou expostos a essa crise devastadora foi a nossa imensa incapacidade de produzir tecnologia através de uma indústria pequena e frágil.

O diagnóstico é certeiro ao nos mostrar que a insistência em continuar cultivando petróleo bruto, minério de ferro e soja vai nos fazer viver ciclos de alegria e tristeza, conforme oscila os preços desses mesmos produtos. Os exemplos do Chile e da Venezuela, que adotaram a mesma “estratégia”, não nos parecem bons conselheiros, já que insistiram na monocultura do cobre e do petróleo, respectivamente, e também ficaram à deriva da alta de seus preços para conseguir levar ciclos de consumo ao seu povo.

A saída para a crise brasileira, por óbvio, passa por um processo de industrialização que traga geração de tecnologia e produção de produtos competitivos com o mercado global. Isso fará com que seja abandonada essa dependência de produtos do estrangeiro, bem como a dependência dos preços que o mercado impõe aos únicos produtos que sabemos vender. Todas as nações que passaram por processo de desenvolvimento adotaram a mesma estratégia, cada uma com sua realidade, mas todas investindo em indústria e tecnologia. O Brasil precisa acordar pra isso, existem inúmeras portas de saída para a crise brasileira através de um processo de industrialização, precisamos parar de fechar essas portas e passar a aproveita-las.

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