Ex-deputado federal, ex-prefeito de Blumenau e atual presidente nacional do Sebrae, Décio Lima (PT) já admite abertamente a possiblidade de disputar o Senado Federal, ao invés do Governo do Estado, como fez nas duas últimas eleições em Santa Catarina. A intenção de disputar o Senado se dá por dois motivos bastante pragmáticos. O primeiro está relacionado a rejeição que a esquerda raiz enfrenta diante do eleitorado catarinense. O PT, principal referencia deste espectro político, nunca conseguiu romper a barreira dos 30% em uma eleição majoritária, em nível estadual, em Santa Catarina, percentual este que foi alcançado pelo próprio Décio, no segundo turno do pleito de 2022. Antes dele, o percentual mais alto que a esquerda alcançou em uma eleição estadual foi em 2002, quando José Fritsch (PT) fez 27% dos votos como candidato a governador.
Sabedor que o cenário não irá mudar em 2026, Décio almeja uma candidatura que possa lhe render maiores dividendos, e a disputa ao Senado lhe parece atrativa, por conta das inúmeras pretensões neste mesmo sentido. Hoje Santa Catarina conta com mais de dez pré-candidatos ao Senado com potencial eleitoral, a absoluta maioria filiados a partidos de direita. A aposta de Décio é que a fragmentação dos votos da direita poderá abrir vaga para a eleição de um candidato da esquerda, seguindo a mesma lógica que o levou para o segundo turno da eleição estadual em 2022. Foi justamente a enorme quantidade de candidatos da direita a governador que possibilitou sua ida para a segunda etapa da eleição, contra o governador eleito Jorginho Mello (PL).
A esquerda, no entanto, não deixará de ter candidato ao governo, mas ele terá um perfil bem mais conservador. Neste sentido, por enquanto, são prospectados dois nomes: o do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Gelson Merisio, que está filiado ao Solidariedade, e o do ex-senador e ex-vice-governador Paulo Bauer, que até o ano passado era filiado ao PSDB, partido pelo qual disputou o governo catarinense em 2014.
Merisio é o nome mais confiável da cúpula do PT nacional. Executivo da JBS em Santa Catarina, o ex-deputado tem franco acesso ao Palácio do Planalto e não teria dificuldades em reunir as diversas alas do PT catarinense em seu entorno. Paulo Bauer, no entanto, soa melhor para a esquerda catarinense, por conta de seu perfil mais ponderado. Amigo pessoal do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), desde a época em que ambos militavam no PSDB, Paulo Bauer tem mais possibilidades do que Merísio de atrair também o voto do eleitor de direita do Estado, especialmente aquele mais conservador.
O ex-senador já foi sondado sobre a possibilidade de disputar o governo catarinense ano que vem pelo PSB. Por enquanto, não disse nem que sim, nem que não, mas, de acordo com quem presenciou a conversa neste sentido, ficou bastante pensativo. Muito provavelmente sua grande objeção será o condicionamento do PT como seu candidato a vice. Todavia, ninguém está escape a uma boa conversa.
Finais
Durante incursão pelo Oeste do Estado, no final de semana, ao lado do governador Jorginho Mello (PL), o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), que está de malas prontas para se mudar para Santa Catarina, objetivando disputar o Senado Federal, defendeu o nome da deputada federal Carol de Toni (PL) para o mesmo embate. De acordo com ele, o PL não pode abrir mão de lançar Carol como candidata a senadora ano que vem. Carlos ressaltou que uma dobradinha entre ele e a deputada teria tudo para dar certo, e seria uma excelente mola propulsora para o projeto de reeleição do govenador Jorginho Mello. A fala de Carlos Bolsonaro acendeu a luz de alerta no Progressistas, que tem trabalhado para que o senador Esperidião Amin ocupe uma das vagas de candidato ao Senado pela aliança do governador.
Caso de fato haja uma dobradinha ao Senado composta por Carol de Toni e Carlos Bolsonaro, fatalmente a federação União Progressista se aliará ao projeto majoritário do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD). Neste cenário, o presidente estadual do União Brasil, deputado federal Fábio Schiochet, concorreria como candidato a vice de João Rodrigues, e o senador Esperidião Amin (PP) disputaria a Câmara Federal ou simplesmente daria sua carreira política por encerrada. Ainda que isto não seja desejado pelo governador Jorginho Mello, trata-se de uma conjuntura que não seria de todo ruim para ele, desde que o MDB se mantivesse como seu vice. Todavia, o governador teria que apostar todas as suas fichas em uma vitória no primeiro turno, já que no segundo turno fatalmente a esquerda estaria aliada com João Rodrigues.