Um abaixo-assinado, com a assinatura de 45 prefeitos, 32 vice-prefeitos e mais de 300 vereadores do Progressistas de Santa Catarina foi entregue em mãos, em Brasília, ao presidente nacional do partido, o senador Ciro Nogueira. O documento solicita renovação no comando da legenda, cujos destinos, há anos têm sido conduzidos pelo grupo político ligado diretamente ao senador Esperidião Amin. Dentre outros, a entrega do abaixo-assinado foi feita pelo deputado estadual Altair Silva e pelo chefe de gabinete do deputado estadual José Milton Scheffer, André Hespanhol, o que é uma clara demonstração que a bancada estadual do Progressistas, na Assembleia Legislativa, não está contente com os desígnios do partido no Estado.
Atualmente, o Progressistas tem como presidente o ex-deputado federal Leodegar Tiscoski, e como secretário Aldo Rosa, ambos ligados diretamente a tropa de choque de Amin. O próprio senador era o presidente do partido, antes de Leodegar assumir seu comando, em setembro de 2023, através de uma comissão provisória. Naquela ocasião já era esperada uma convenção estadual da legenda, o que acabou não acontecendo.
Ciro Nogueira, por sua vez, está entre a cruz e a espada. Nitidamente as bases do Progressistas, representada pela maioria absoluta de seus prefeitos, vices e vereadores em Santa Catarina, querem renovação no comando do partido, que, a bem da verdade, há mais de 40 anos vive sob a forte influência de Esperidião Amin. Todavia, Ciro e Amin são colegas de bancada no Senado Federal, e, afora isto, Aldo Rosa, que é o secretário estadual do Progressistas catarinense, também ocupa o mesmo cargo no Progressistas nacional. Por conta disto, não se trata de uma equação fácil de ser solucionada, ainda mais às vésperas de uma eleição estadual, com Esperidião Amin tendo todo o interesse possível em manter o partido sob seu comando, para viabilizar sua reeleição em 2026.
Em princípio, se Leodegar for mantido na presidência, o Progressistas caminhará a passos largos para uma aliança com o governador Jorginho Mello (PL), com grandes possibilidades de Amin fazer dobradinha com a deputada federal Carol de Toni (PL) na disputa pelo Senado ano que vem. Caso o grupo orquestrado pelos deputados Zé Milton e Altair Silva consigam pegar o comando do partido, se abre a possibilidade de um franco debate que poderá levá-lo para o grupo de apoio do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, pré-candidato ao Governo do Estado pelo PSD.
Vale lembrar que o Progressistas comporá uma federação partidária com o União Brasil, que também está dividido quanto a seu futuro político em Santa Catarina. Por conta disto, dependendo de qual direção o comando do Progressistas tomar, o União deverá ir a reboque.
Finais
Presidente Lula da Silva (PT), anunciou sua decisão de disputar a reeleição ano que vem. Lula será candidato pela sétima vez à Presidência da República. Em 1989, 1994 e 1998 ele não conseguiu seu intento, se elegendo pela primeira vez em 2002, sendo reeleito em 2006, e voltando a governar o país em 2022. Para 2026, o grande problema de Lula é a falta de apoio declarado de partidos de centro-direita e de direita, que, especialmente nas eleições de 2002 e 2006 não tiveram o menor constrangimento em estar com ele. Depois dos escândalos do mensalão e da Lava Jato, estes partidos trabalharam nos bastidores pela eleição de Dilma Rousseff (PT), em 2010, e por sua reeleição em 2014, mas foram os mesmos que a cassaram em 2016, viabilizando a ascensão do então deputado federal Jair Bolsonaro, em 2018, à época filiado ao PSL.
No ano que vem, Lula só terá chances de se reeleger se corrigir a política de preços dos produtos alimentícios, e, principalmente, se não permitir com que partidos como o Republicanos, PSD e a federação Progressistas-União Brasil se unam em torno de um único projeto oposicionista. Se isto acontecer, o MDB acabará indo a reboque, deixando o PT sem uma alternativa plausível de aliança nos Estados, o que matará a candidatura de Lula nas bases da sociedade. Seu maior adversário é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Rep), que tem o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, como seu Secretário de Estado das Relações Institucionais. Já a federação PP-União deverá apoiar o projeto de candidatura presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), ou convergir para Tarcísio. Por conta disto, em princípio, o futuro político de Lula não é dos mais alvissareiros.