Há algum tempo (se não desde sempre, quando as primeiras it girls – quem lembra? – sem o mínimo entendimento por moda a não ser reproduzir uma combinação cool, tomaram as primeiras filas dos desfiles de moda dos jornalistas especializados que estavam ali para transmitir conhecimento e notícia) tenho sentido um incômodo relacionado aos influenciadores digitais, a falta de identidade e posicionamento dos mesmo.
O quanto falta ideia, novidade e opinião própria? O quanto se vê perfis de instagram uns iguais aos outros e brasileiros reproduzindo a estética lá de fora? Desde os primórdios, o que surge na Europa é reproduzido ou usado de inspiração por aqui, mas o quanto pedimos por uma identidade de moda brasileira dos designers? porque não pedimos aos criadores de conteúdo também?
Já havia comentado com algumas amigas próximas o descontentamento relacionado a essa faceta da moda, até surgir grandes nomes brasileiros como o André Carvalhal, Caio Braz e a Elle Brasil (sim, a Elle voltou em meio a pandemia para aquecer nossos corações) para questionar o mesmo. Se já havia esse movimento de repensar a influência, parece que o isolamento acelerou o processo. Estamos presos em casa e não queremos ver o look do dia se não temos para onde ir. A Elle aponta que surgem novos nomes que representam melhor o significado da palavra influenciador que criam conteúdos ajudando a lidar com o momento, como Gabriela Prioli ou O Atila. Bom, já falei da Prioli por aqui e você já deve ter esbarrado com os perfis que se tornaram maistream por aí em meio a pandemia.
Essa semana, não ouvimos falar de outra coisa se não #BlackLivesMatter (o movimento contra o racismo) e que bom, consumimos, conhecemos e damos valor ao trabalho de uma galera que não tinha tanto alcance quanto pessoas brancas. Eu vi tanto disso, que não ia trazer esse conteúdo pra cá também.
Até os tweets da Day (a falecida Moda Depressão, sim, da época que todo curso tinha um perfil pra chorar as pitangas sobre o seu curso) me inspirarem a compartilhar os perfis de mulheres negras que eu sigo e acompanho. É sim, necessário e ainda válido.
Nátaly Neri (@natalyneri)
Cruelty free e vida consciente no instagram, ela tem um estilo único e uma paleta de cores que que é a sua personificação. Usa brechó desde antes da pauta virar tendência. No Youtube tem uma linguagem didática e esclarecedora desde ciências sociais, ancestralidade, espiritualidade à moda e beleza.
Luiza Brasil (@mequetrefismos)
Jornalista de moda. Dá pra se inspirar nos looks que tem uma boa duma influência afro, mas tem um conteúdo bem mais pautado no mercado editorial.
Igi Ayedun (@igiayedun)
Quando eu crescer quero ser Igi Ayedun. Indico pra quem tem bom conhecimento sobre o mercado de moda, o conteúdo é denso e sensacional. Novamente, uma identidade que é claramente dela em questão de estética. É legal ver quando a pessoa não se parece com tantas outras, né?
Djamila Ribeiro (@djamilaribeiro1)
Autora do famoso livro Quem Tem Medo do Feminismo Negro?, feminista e ativista negra. Quase tudo o que aprendi sobre a interracialidade dentro do movimento feminista deve ter sido com ela. Vale muito a pena o follow.
Rita Carreira (@ritacarreiraa)
Se você quer beleza, então toma. Modelo, e rufem os tambores: gorda. A mulher é linda, as fotos são lindas e o conteúdo é lindo.
Vale Saig (@valesaig)
Makeup/hair e artista visual, trabalha principalmente com beleza no mercado editorial, mas vale a pena o follow pra se inspirar na vida real com makes super criativas fora daquela zona de conforto ‘’make de bonita’’.
Magá Moura (@magavilhas)
A mulher parece que vive dentro de um arco-íris. É incrível como ela fez do kitsch seu estilo pessoal. Tanto os looks quanto ela própria são a alegria e o closy em pessoa.
Carla Lemos (@modices)
Jornalista de moda, dona de um dos primeiros blogs de moda do brasil. Produz conteúdo original e fala de moda sem firulas. Pra quem tá no twitter, o follow é certo. E no instagram, o estilo é bem carioquinha pra quem curte uma vibe farm.