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It: Capítulo 2 - O terror através do trauma

Já fazem dois anos desde que It estreou nos cinemas mundiais e se tornou um raro sucesso mundial de bilheteria e crítica para o cinema do terror. O filme, baseado na obra de Stephen King que possui mais de 1000 páginas, é um dos maiores sucessos literários do autor ao mesmo tempo que um de seus trabalhos mais assustadores. Eu vou partir do pressuposto de que se você está aqui agora é porque já assistiu à parte 1 de It e não vou poupá-lo dos spoilers do primeiro filme.

A decisão de tornar a obra de King uma sequência de dois filmes não foi apenas sábia, mas também bem aproveitada. Na primeira parte temos a introdução de 7 personagens e um vilão sobrenatural. Algo nada fácil de se fazer com qualidade e aprofundamento em um filme com menos de três horas, já que é muita gente para pouco tempo, e ainda assim, temos uma introdução que funciona nos deixando claro quem é cada personagem e ainda conseguindo nos fazer criar empatia por cada um deles. Algo bem importante em um filme terror onde precisamos temer pela vida dos protagonistas. E foi justamente por essa excelente apresentação feita no primeiro capítulo que a segunda, e última, parte da história do “Grupo dos perdedores” funciona tão bem quando tratamos de seus personagens. 27 anos se passaram desde que as crianças conseguiram se ver livres de Pennywise, e apenas Mike continuou morando em Derry. Quando ele descobre que o palhaço está de volta, entra em contato com o resto do grupo para que cumpram com a promessa que fizeram no fim do primeiro filme, se Pennywise voltasse a aparecer, todos voltariam para mata-lo de uma vez por todas. Já que eu estou falando dos personagens vou ressaltar o que considero a maior qualidade do longa: a escolha do elenco. A primeira parte de It nos introduziu não apenas personagens incríveis, mas atores maravilhosos. O elenco mirim chamou tanta atenção que se tornou parte do motivo de todos os personagens serem tão carismáticos e tão adorados pelo público, eles são muito bons. Então desde que saiu a confirmação da sequência a expectativa para o elenco adulto estava altíssima. E verdade seja dita, não há do que reclamar! Se você assistir ao primeiro filme novamente antes de ver o segundo vai notar isso ainda mais, o quanto cada ator entendeu a essência de seu personagem, é maravilhoso de se ver. O mesmo vale para Bill Skarsgard, responsável por nos entregar um Pennywise tão poderoso e medonho ao mesmo tempo que fantástico quanto da primeira vez.

  

 

Agora uma segunda verdade que precisa ser dita: o primeiro capítulo é melhor que o segundo. Eu confesso que não esperava um filme melhor que o primeiro porque já achava isso algo praticamente impossível de se alcançar, isso porque uma história com um grupo de crianças que precisam enfrentar um palhaço sobrenatural que quer mata-las é bem mais interessante do que quando você troca as crianças por um grupo de adultos, e a única razão para o segundo longa funcionar tão bem é porque existiu o primeiro antes. Isso não significa que a história do filme não seja boa, apenas de que o fato de termos acompanhado os mesmos personagens 27 anos mais jovens enfrentarem uma força maligna e vencerem, torna a jornada deles quando adultos bem mais poderosa e intensa, fatores que ajudam muito no desenvolvimento da narrativa. Então, como o esperado, a interação entre o elenco adulto é um dos pontos altos da história mais uma vez, que em meio a flashbacks nos mostra outros acontecimentos importantes na vida de cada um enquanto ainda enfrentavam o palhaço no primeiro filme, e através desses flashbacks nos aprofundamos ainda mais na vida e personalidade de Beverly, Bill, Mike, Richie, Eddie, Ben e Stanley. Quem também recebe um aprofundamento maior na história é o nosso querido palhaço maligno, de quem não sabíamos praticamente nada na primeira parte.

Dessa vez os Jump Scares, parte importante do primeiro capítulo, perdem um pouco do poder que tiveram na primeira parte e muitos acabam parecendo apenas gratuitos, especialmente quando você leva em conta que os efeitos visuais das transformações de Pennywise se tornaram ainda mais grotescos e horripilantes e dariam conta do susto por si só. O que parece, é que o diretor Andy Muschietti percebeu o quanto esse tão odiado clichê do terror funcionou no primeiro longa que quis abusar dele novamente, o problema é que agora não deu tão certo. Mas não se engane, os sustos funcionam, o que não funciona é a intensão por trás da maioria deles.

Mas um assunto que foi destaque no primeiro filme se repete aqui e com a mesma intensidade e qualidade. A superação de traumas. A fórmula do primeiro longa se repete ao mostrar Pennywise se transformando nos maiores medos dos personagens mais uma vez e os fazendo ter que lidar com o que sentem. A história nos mostra que todos possuem medos e traumas, e uma lição que ambos os filmes nos trazem é a de que você não precisa enfrenta-los sozinho, na verdade, se enfrentar seus medos com pessoas por perto as chances de vencê-lo são ainda maiores. Uma lição para o “Clube dos perdedores” e para qualquer um que assista à It. Dessa vez, lidar com os traumas do passado ganha uma definição mais complexa, quando no primeiro filme seus traumas e medos ainda estavam em desenvolvimento, agora eles se tornaram algo mais complexo, lidar com eles parece mais difícil e aterrorizante, mas cada um o precisa fazer, caso contrário as chances de sobreviver se tornam quase zero. No fim das contas, Pennywise, ao tentar mata-los, os está ajudando a seguir em frente – caso sobrevivam para isso.

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