Não é segredo para ninguém que há muito tempo o Brasil deixou de respirar uma certa tranquilidade política, se é que algum dia ela existiu. De todo modo, desde a redemocratização do país, em 1985, e principalmente após a Constituição de 1988, passamos a ter a impressão que, aos poucos, as coisas estavam melhorando no país, como de fato estavam. Nossa economia cresceu e se equilibrou, os indicadores sociais passaram a demonstrar claramente o aumento de nossa qualidade de vida, e nossas instituições pareciam finalmente terem encontrado os seus devidos lugares na balança democrática.
Tudo ia relativamente bem até o escândalo do mensalão, que implodiu com as entranhas da primeira gestão do presidente Lula da Silva, em 2005. De lá para cá, o Brasil nunca mais dormiu em paz, e tampouco acordou com alegria nos olhos. Os sucessivos escândalos, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a conseguinte posse mais do que forçada de Michel Temer na Presidência da República, a prisão de Lula, a facada em Jair Bolsonaro, seu negacionismo diante da Covid 19, a ameaça de golpe militar, o fator Alexandre de Moraes, e por aí afora, acabaram por esculpir um cenário para lá de desolador, diante dos olhos de nós brasileiros.
A impressão que temos é que nossas instituições estão deixando as coisas saírem do controle, e, por incrível que pareça, não por culpa da população, que quase sempre é a responsável por acender os estopins da insatisfação, mas por culpa das próprias instituições, que parecem não estar se esforçando para cumprir o preceito constitucional que dá conta que os poderes, embora independentes, precisam manter sua harmonia.
Na atualidade, vemos claramente que, em nível nacional, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário estão tendo extrema dificuldade em andarem alinhados, de modo a permitirem com que os preceitos democráticos sejam cumpridos.
Este desajuste não é de hoje. Trata-se de um cenário que vem sendo construído ao longo dos últimos 20 anos, e que a cada dia que passa tem se acentuado para pior. E pior ainda é a falta de perspectiva de que a situação irá melhorar, já que o movimento político no país está cada vez mais inflamado, cada vez mais inconstante, cada vez menos confiável.
O fato é que nossos governantes maiores, e eles são sim, o presidente, o vice-presidente da República, os senadores, os deputados federais e os ministros do Supremo Tribunal Federal precisam firmar um pacto de paz diante de tudo o que está acontecendo em nível político nacional. A história nos mostra que coisas muito ruins acontecem quando as instituições se desajustam, quando os princípios do equilíbrio democrático são deixados de lado em nome do revanchismo, e até mesmo em nome de uma ética que se coloca acima do bom senso.
Finais
Vereador Jucimar Custódio, o Bujão (PSDB), diz que está repensando seu projeto de disputar a Assembleia Legislativa ano que vem. Cotado para ser candidato a deputado estadual por seu atual partido, Bujão já havia cogitado até mesmo mudar de sigla para tornar o projeto mais viável. O processo de cassação que corre contra seu mandato, no entanto, motivado por uma ação proposta junto a Justiça Eleitoral pelo suplente de vereador Agnaldo de Oliveira Teixeira, o Agnaldo do Maracujá (PP), tem desmotivado o tucano. De acordo com ele, por conta do processo, uma candidatura sua a Assembleia acabaria sendo motivo constante de especulações e dubiedades, trazendo mais dissabores do que satisfação política. Por conta disto, muito provavelmente o projeto deverá ser engavetado e só revisto se o seu processo transitar em julgado, a seu favor, antes das convenções partidárias de 2026.
Empresário araranguaense Guilherme May, que é filiado ao PSD, diz que não concorrerá ao cargo de deputado estadual ano que vem, como vinha sendo especulado. Ele chegou a ventilar até mesmo a possibilidade de deixar o partido para viabilizar o projeto, caso não encontrasse espaço no PSD para seu intento. Ao mesmo tempo em que abriu mão de qualquer iniciativa neste sentido, Guilherme declarou apoio a pré-candidatura a Assembleia Legislativa do Delegado-Geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel (PL). Ao manifestar apoio a um político do PL, o empresário acaba também, de certo modo, sentenciando seu futuro político, já que a legenda rivaliza em nível estadual e regional com o PSD, agremiação partidária da qual ele já foi vice-presidente municipal. Muito provavelmente o PL acabará se tornando sua futura sigla de filiação, com projetos direcionados ao pleito municipal de 2028.